sexta-feira, novembro 18, 2011

Novo Blog

este blog continua com novas roupas aqui: buraconaparede.wordpress.com

domingo, setembro 26, 2010

quinta-feira, julho 15, 2010

Frases

"- A vida foge-nos. Os teus dias voam mais rápido do que um mergulhão. Ou uma pedra lançada no ar e (...) acelarando na queda à velocidade de trinta e dois pés por segundo elevados ao quadrado. Uma metáfora para a horrível velocidade a que se aproxima de nós a morte. Tu gostarias que o teu tempo fosse tão lento como quando eras criança. Cada dia uma vida inteira."
Saul Bellow in "Ravelstein"

quarta-feira, abril 22, 2009

Sofia

A Sofia nasceu ás 4h50m da madrugada de sábado dia 18 de Abril, veio ao mundo a berrar a plenos pulmões. Tem 3, 180 kg, 50 cm. Quatro dias passados e sem querer cuspir contra o vento, parece-me mais tranquila que a irmã, pelo menos à noite.

quarta-feira, abril 15, 2009

Sofia

A contagem decrescente começou. A Sofia deve estar quase, mas mesmo quase a nascer e alegrar ainda mais a nossa vida.

quarta-feira, março 25, 2009

Vampire Weekend

Há mais de uma semana que não consigo deixar de ouvir Vampire Weekend. Uma verdadeira lufada de ar fresco!

quinta-feira, março 19, 2009

Dia do pai

A minha filhota passou o dia agarrada a mim. Recusou-se ficar na creche e de tarde dormimos a sesta juntos com a mãe. Custou quando a tive de deixar na avó para vir trabalhar. Estamos os três à espera da Sofia que mais dia menos dia vai tornar nossa cama muito pequena.

sábado, março 14, 2009

Carrocel

A Subir: Ajeitei o cabelo no espelho do elevador. Deve ser um bom emprego ficar atrás dos espelhos dos elevadores. Será que ganham bom dinheiro? Procurei não exagerar nos arranjos, não queria que pensasse que era vaidoso. Ao sair sorri e fiz uma vénia, só para lhe dizer que eu não era nenhum estúpido e sabia perfeitamente que ele estava do outro lado.
A Descer: Agarrei-lhe a mão e entramos no elevador. Bem me quer, mal me quer, as luzes passavam pelos andares, bem me quer, mal me quer. Fez uma careta ao espelho quando saímos. Será que também sabia do homem que lá estava? Poderá tal coisa estar ligada aos genes? Ao DNA? Será que uma coisa como saber que existem homens atrás dos espelhos dos elevadores passa de pais para filhos? Mal me quer. Pim!
Na Rua: Os satélites no espaço devem descarregar raios e fluxos energéticos capazes de fritar a massa cinzenta da humanidade. Será que alguém já tinha estudado isso?

quinta-feira, março 12, 2009

Literatura e Filosofia II

Pode existir boa e má literatura mas má filosofia não é filosofia.

sexta-feira, março 06, 2009

Literatura e Filosofia

A longo prazo, sempre preferi os sujeitos que para justificar algo contam uma história mirabolante, do que aqueles que tentam um esboço da verdade.

segunda-feira, março 02, 2009

O estado do Ensino Público Universitário

Nunca o Ensino Superior o foi menos.
Com o Processo de Bolonha, as práticas de trabalho académicas converteram-se em práticas de Liceu, sem horizontes que nos confiram mais competências do que meia licenciatura «à moda antiga». O diploma de licenciado «pós-bolonha» pouco mais conta do que o certificado de conclusão do 12.º ano. A nova divisão em ciclos reduz as nossas possibilidades e qualidade de formação. Seremos lançados para o mercado de trabalho como mão-de-obra desqualificada, ou prosseguiremos os estudos sem qualquer apoio, confrontados com propinas de milhares de euros, num processo que, pelo crescente valor das propinas, agrava a elitização do ensino. O RJIES afasta os estudantes dos órgãos de decisão das instituições e introduz «entidades de reconhecido mérito exteriores às universidades»: abre-se a porta da gestão das Faculdades às empresas, permitindo contaminar o mundo académico com o seu interesse, que é, todos sabemos, a obtenção de lucro. Na Assembleia Estatutária da UP, composta por 21 membros, apenas 3 são estudantes, e 5 são «entidades externas»...não é de estranhar, assim, que esta tenha decidido a passagem a fundação pública de direito privado, com a presença na sua gestão de «entidades externas» como Rui Moreira (Associação Comercial do Porto), Luís Portela (Presidente do grupo Bial) e José Luís Encarnação (empresa INI-GraphicsNet). A promiscuidade entre os interesses dos grandes grupos económicos e o serviço público é alarmante, e corre-se o risco de, em breve, as Universidades serem «hipermercados de mão-de-obra», e não um espaço de aquisição de conhecimentos. Em Aveiro, na Assembleia Estatutáriatêm assento! representantes da Unicer, da Siemens e do grupo Martifer. Em Coimbra, o presidente do Conselho Geral é Artur Santos Silva, Presidente do Conselho de Administração do BPI. Está em causa a função social do Ensino Superior Público. O Orçamento de Estado para 2009 espelha a asfixia a que o está votando o governo, empurrando-o para a mercantilização selvagem: o corte orçamental é real. Há um grave desinvestimento no Ensino Universitário e Politécnico (menos 11,6 % que em 2005), no que diz respeito às transferências para instituições de Ensino Superior Público. A Acção Social Escolar recebe menos 29,35% que em 2005. A par disto, é constituído um fundo concorrencial de quase 30 milhões de euros para que as instituições compitam entre si, favorecendo as que se tornam fundações ou criam consórcios. A estratégia de chantagem é explícita e obscena, revelando a vontade do governo de se desresponsabilizar pelo Ensino Superior. As propinas, instituídas em 1991 por Cavaco Silva, actual Presidente da República, são, nestes tempos de crise, um muro a impedir que muitos continuem a frequentar a Faculdade: não podemos aceitar que estudar seja um luxo ao alcance de quem o pode pagar – aprender é um Direito, só assim será Universal, e só assim alcançaremos uma verdadeira Democracia aprofundada. As propinas em Portugal são já das mais caras da União Europeia. A Acção Social Escolar é manifestamente insuficiente, e nem sempre atribui apoios aos que mais precisam. Para se desresponsabilizar, o Governo criou os empréstimos, que mais não são que uma forma de financiamento da banca e endividamento dos estudantes, que no fim do curso serão confrontados com o desemprego (que já atinge 50.000 licenciados). E essa grande banca já chegou ao átrio da FLUP, pela agência do Santander Totta aqui instalada, como cartão de boas vindas! É urgente lutar por um Ensino Superior empenhado na formação integral do indivíduo e no progresso do país. Não vale a pena fazermos de conta que tudo se passa «lá fora». Impõe-se agir: esclarecer, exigir medidas que devolvam ao país a Universidade que Abril sonhou.

Recebido por e-mail, escrito por Tiago Teles Santos & Pedro Almeida (Associação Estudantes da Faculdade de Letras do Porto)

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

O outro lado do espelho

Oliveira vivia no meio do reboliço citadino num pequeno prédio de dois andares no centro da cidade, mas a verdade é que poucas vezes saia de casa e se confrontava com a agitação, permanecia como um recluso, fechado no seu pequeno mundo, com os seus livros, os seus apontamentos e a sua colecção de citações que engrossava todas as semanas. Vivia de um pequeno subsídio de invalidez dado pelo estado o que lhe permitia pagar a renda, comer e comprar alguns livros. Oliveira tirou a roupa três vezes no banco onde trabalhava, sem motivo aparente subia para cima do balcão e começava a desabotoar a camisa, tirar os sapatos e a desapertar o cinto e só nunca terminou o seu propósito porque os colegas vinham a correr tampando-o com impressos de depósitos e formulários de empréstimos. Da primeira vez esteve de baixa seis meses, na segunda um ano com os episódios de nudez a repetirem-se sempre que voltava ao serviço, até que da terceira vez desistiram dele, atribuíram-lhe uma pensão vitalícia e afastaram-no para longe da solenidade bancária. Eu sempre duvidei que a saúde mental de Oliveira fosse assim tão diferente da maioria de nós, mas quando se opta por tirar as roupas em frente a uma velhinha enquanto se lhe entrega a pensão, o mundo assume que passamos definitivamente para o outro lado do espelho.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Livros apreendidos

Ao ver o título a “A censura está de volta”, no jornal Público, título provocativo e demasiadamente abrangente, julguei ter lido mal, pensei que o lápis azul iria voltar aos textos de escritores, músicos e que todos artistas voltariam a ser perseguidos pelas suas criações (depois do episódio Magalhães no carnaval julguei mesmo que era coisa séria). Mas depois de ler com atenção a notícia e de ver hoje o seu desfecho, concluí que apenas se tinha tratado de um episódio da saudosa série portuguesa de marionetas “Os amigos de Gaspar” e da maravilhosa personagem do guarda Serôdio.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

O indivíduo e o colectivo

Ao ouvir certas pessoas falar, ficamos com a ideia que a humanidade é tudo que lhes interessa e o bem-estar do seu semelhante um ideal que perseguem, mas depois, e quando confrontadas com a individualidade, são incapazes de a acolher com ternura e fraternidade. É-lhes difícil lidar com o indivíduo isolado, por isso defendem-se no abstracto. A essas pessoas o indivíduo aparece-lhes como feio e deformado. Já humanidade é um conceito que abraçam facilmente, isto por ser uno e não reagir, é impávido e sereno, repousa em terrenos sagrados para lá do entendível. Ao contrário, o conceito de indivíduo pode ser repartido em biliões de partes (uma para cada pessoa) e dificilmente encaixado num sistema seja político ou social, é inqualificável por isso não perceptível. Nunca compreendi como se pode sentir amor pela humanidade e ao mesmo tempo repugnar a individualidade, mas este foi um critério muito comum na história da humanidade, principalmente no século passado, tanto nos regimes comunistas com a ideia do bem comum, tanto dos fascistas abafando o indivíduo em nome da pátria e afins. Se olharmos com atenção, a própria declaração dos direitos humanos, é um documento que dificilmente representa todos os indivíduos e as culturas em que se encerem, mas que repousa na ideia ingénua de que todos somos iguais e regidos pelas mesmas leis e valores e isso parece discutível, por muito duro que possa parecer, mesmo a um apoiante dessa declaração. Assume-se então que um conjunto de indivíduos representa o conceito global de humanidade, mas nunca que a humanidade depende da individualidade de cada um. Por outro lado, quando a sociedade valorizou o indivíduo, este elevou-se ao extremo e, empoleirado em torres de marfim, rodeado de ouro, atirou moedas ao ar. Hoje vivemos na democracia, o melhor dos sistemas políticos possíveis, mas ainda assim, num sistema do salve-se quem puder, da ausência de valores comuns, do egocentrismo, da cunha e da corrupção. O indivíduo passa a ser um estado em si mesmo, tirando o que pode e como pode, as leis são cumpridas apenas pelo medo da sanção e a abundância de ouro permanece como a derradeira justiça.

sábado, fevereiro 21, 2009

De que precisam os nossos filhos para serem felizes?

De que precisam os nossos filhos para triunfar na vida? Que instrumentos indispensáveis necessitam para puderem seguir o seu rumo? Estas são as perguntas que mais faço quando olho para a minha filha e suponho que a maior parte dos pais faz. A sociedade actual é competitiva ao extremo, atribuindo à possessão de objectos um valor que extravasa em grande medida o seu real valor. Claro que necessitamos de dinheiro para termos tranquilidade e conforto, mas não competindo uns com os outros como hienas em volta de uma presa, desesperadas por conseguirem o seu pedaço, mas todas de barriga cheia. A crise económica que o mundo atravessa é reflexo dessa ganância de consumo e da vitória sobre os demais, não se pestaneja em calcar o semelhante se isso trouxer dinheiro, não conforto, não tranquilidade, só dinheiro, consumo e estatuto. Individualmente não temos limite na possessão; mais, mais e mais parece ser a palavra de ordem, enquanto outros gritam por um pouco, um pouco, um pouco. Esta competitividade está a ser passada às crianças que irão ter ainda mais dificuldades em impor-se num futuro que se lhes apresenta sombrio. Por isso tentamos dar-lhe as melhores escolas e educação, mesmo que com isso tenhamos de fazer muitos sacrifícios. Estarão elas preparadas para um futuro de abutres? Como se prepara uma criança para um mundo de pesadelos consumistas? Devemos incutir-lhe essa moral da conquista individual ou invés ensinando-os a respeitar os outros como seus iguais, a serem empáticos e solidários? Prefiro claramente a segunda hipótese, parece-me que se o caminho continuar a ser a vitória individual em deterioração da ascensão colectiva, o fim da humanidade espreita ao virar da esquina. O que lhes transmitem no ensino privado? E nas públicas? Que valores lhes incutem nas escolas onde os deixamos todos os dias? O caminho mais duro é o da igualdade que origina por inerência a justiça social, mas é o único possível para uma sociedade futura, solidária e pacífica. De que precisam afinal os nossos filhos para serem felizes?

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Regresso a casa

O problema dos antigos combatentes é antigo e comum a quase todas as nações. Ouvi uma reportagem na T.S.F sobre como eram ignorados os ex-combatentes portugueses quando regressaram ao país depois de lutarem no ultramar, a história é antiga e todos a conhecemos, mas hoje fez-me pensar em todos os soldados que combatem fora do seu país. A ideia de lutar pelo país fora do próprio país, por muito que a tente assimilar, não deixa de soar de maneira estranha, assim, pode-se lutar por interesses do país, mas pelo país em si como nação independente não, isso não é possível a milhares de quilómetros de casa. Depois o facto de um país em guerra, fora das suas fronteiras, ser sempre um país dividido, uma parte da população apoia a guerra, outra repudia-a, e quando a guerra é longa e dolorosa, como foi o caso português, a segunda parte da população acaba por impor a sua moral sobre os que apoiam a guerra, e foi nessa conjuntura adversa à guerra que os soldados portugueses regressaram a casa. No caso de Portugal a situação ainda contém em si a efervescência da revolução, onde não apenas a moral anti-guerra se tinha sobreposto à colonizadora, mas toda a situação política a dar uma volta de 180 graus. Foi neste contexto que os combatentes e as famílias portuguesas das ex-colónias regressaram à pátria; o final não podia ser feliz. Suponhamos agora que os soldados vão em ajuda de um terceiro país como no caso americano na primeira e segunda guerra mundial, nessa perspectiva e quando a situação é moralmente justificada, esses soldados são bem recebidos tanto nos países para onde vão, como ao regressarem ao país de origem; não foi o caso português, nem o dos Estados Unidos no Vietname, nem no caso actual do Iraque onde as mentiras espalhadas aos quatro ventos se sobrepuseram ao acto da libertação. Já no caso do Kuwait e Afeganistão, a situação para os soldados regressados parece pacífica e aceite com tranquilidade pela maior parte, devido à acção de libertação de um povo em vias de ser oprimido no primeiro caso, e a segurança do país de onde os soldados provêm estar ameaçada, assim parece, no segundo caso. Não me quero debruçar sobre os aspectos políticos do conflito e sobre a sua legitimidade legal, mas sim sobre o regresso a casa dos soldados que entram nestes diversos conflitos. Com a mudança de governo nos Estados Unidos, os soldados que agora lutam no Iraque, não podem esperar grandes festejos no seu regresso a não ser que isso signifique o fim da guerra, já que o rumo político foi alterado e dá a entender por meio de sinais mais ou menos evidentes a ilegitimidade da guerra. Mas esses ecos, de uma maneira ou de outra, só vão ser sentidos daqui a algum tempo.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

A banalidade do mal

Quando ontem saí do cinema depois de ter visto “O Leitor”, uma frase martelava-me a cabeça. Kate Winsley no tribunal a ser julgada por crimes contra a humanidade dizia algo como isto: “Eu só fazia o meu trabalho, as mulheres estavam sempre a chegar e não havia lugar para todas, tínhamos de escolher algumas para ir embora”. Esse ir embora significava as suas sentenças de morte, as câmaras de gás. Este sentido de dever obstinado de estar apenas a fazer um trabalho, independente do rolo compressor que é alimentado por ele, é algo que a sociedade actual parece promover, não como é óbvio com o apagamento completo da nossa empatia face aos outros, nem mesmo banalizando o mal, mas mesmo assim demasiadamente impessoal e perigoso, executamos pequenas partes de um todo que muitas vezes não temos ideia onde acaba. É a razão que nos faz humanos, mas é também a razão em limites desproporcionais e levada ao limite lógico, como no holocausto, que alimenta o mal e o enquadra. Adolf Eichmann era um burocrata, tinha ordens explícitas de Hitler para resolver o problema da sobrelotação nos campos de concentração, então, racionalmente, ele executou as ordens, como quem passa uma factura, ou escreve uma carta a pedir material. A suposta inferioridade dos judeus não era o maior argumento para o seu extermínio, mas sim a falta de espaço e de mantimentos que tinha de ser resolvida. Os campos de concentração eram eficientes, como uma máquina produtiva, desumanamente eficientes. Era assim que as pessoas eram tratadas, como mercadorias, onde a dignidade lhes era retirada sobrando apenas o número, tatuado na carne ou impresso em documentos de remessa. Sem equiparações, recordo com este texto uma frase que ouvi no sábado à noite no documentário que passou na RTP2, Fahrenheit 9/11, de Michael Moore, onde um soldado destacado no Iraque dizia para as câmaras, algo como isto: “Eu pensava que era tipo jogo de computador, carregar em botões e pronto. Nunca imaginei que pudéssemos ver cadáveres de mulheres e crianças a apodrecer nas bermas das estradas. Isto é demais”, será que lhe passou em algum momento pela cabeça concluir com: Não ganho para isto.

sábado, fevereiro 14, 2009

Hannah Arendt


Uma pérola da literatura que se tinha escondido da minha curiosidade até ao dia de hoje. “Homens em tempos sombrios”, de Hannah Arendt, é uma viagem de pontes entre homens de génio, revolucionários, apátridas, poetas e filósofos encravados no seu tempo, no seu triste tempo. Mas na busca de Arendt só a humanidade parece interessar, apenas o desocultar da humanidade, escondida do espaço público, pelas obras maiores de cada dos seus homens. A escrita de Arendt nem sempre é simples e facilmente descortinada, mas quando o texto se liberta de análises filosoficas duras, chega a comover, e ao longo do livro, Arendt aponta direcções e desembaralha incorrecções no novelo da vida de homens como Lessing, Walter Benjamin, Bertold Brecht ou Hermann Broch, que “foi poeta à sua própria revelia” e mulheres como Rosa Luxemburgo, a revolucionária polaca, ou Karen Blixen e a sua Xerazade interior, Arendt encontra peculiaridades escondidas, traços que escaparam aos biógrafos, pequenas minúcias que espantam pela análise certeira e perspicaz. “Homens…” está ao nível da melhor literatura que conheço, ao jeito de Borges que estranhamente, ou talvez não, me veio à memória mal entrei nas primeiras linhas deste… romance? “Homens...” é uma concha recheada de belíssimas pérolas sobre a realidade que escapa aos sentidos.

“Homens em tempos sombrios” – Hannah Arendt
Colecção Antropos – Relógio D’Água

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Harold Pinter


Um dos meus dramaturgos preferidos, juntamente com Beckett, Mamet, Sheppard, Horovitz entre poucos mais. Foi reconhecido o seu talento em vida, tendo-lhe sido atribuído o prémio Nobel em 2005. Morreu no dia 24 de Dezembro, deixou as peças cheios de gritos de alerta pela falta de dignidade da vida humana.
Um pequeno excerto do discurso de Pinter na Academia Sueca, onde o dramaturgo chamou terrorista ao governo de Bush e Blair. Pode ser ouvido na totalidade aqui. http://nobelprize.org/nobel_prizes/literature/laureates/2005/pinter-lecture-e.html .
"The invasion of Iraq was a bandit act, an act of blatant state terrorism, demonstrating absolute contempt for the concept of international law. The invasion was an arbitrary military action inspired by a series of lies upon lies and gross manipulation of the media and therefore of the public; an act intended to consolidate American military and economic control of the Middle East masquerading - as a last resort - all other justifications having failed to justify themselves - as liberation. A formidable assertion of military force responsible for the death and mutilation of thousands and thousands of innocent people."

sexta-feira, dezembro 19, 2008

de regresso ao campo

Um passeio depois do almoço.

S. Martinho deixou alguns presentes pelo caminho.

Travessia perigosa.



Haverá melhor maneira de comer uma laranja? Eu fiquei no quentinho junto à salamandra a beber vinho tinto e a comer castanhas.

terça-feira, dezembro 16, 2008

my tender god

A literatura e a música, quando me chegam ao coração, fazem implodir em mim um lampejo de imortalidade vedado por deus a todos os homens.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Sofia

Mais uma nova e grande aventura se perfilha no nosso horizonte. A Sofia fez 18 semanas na barriga da mãe. Esperamos ansiosos pela nossa segunda filha (girls, girls, girls), mas quem mais a deseja é a Leonor que todos os dias pergunta se a irmã já está pronta, e tudo isto porque eu lhe disse que a irmã estava a cozinhar na barriga da mãe.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

10 livros de 2008

Balanço literário do ano de 2008:

1 - "A estrada" - Cormac McCarthy (Relógio D'Água)
2 - "Na minha morte" - William Faulkner (Dom Quixote)
3 - "Indignaçao" - Philip Roth (Dom Quixote)
4 - "Discurso do método" - René Descartes (Edições 70)
5 - "Os imigrantes" - W.G. Sebald (Teorema)
6 - "O mal de Montano" - Enrique Vila-Matas (Teorema)
7 - " O Ouro" - Blaise Cendrars (Assírio & Alvim)
8 - "Que quer dizer tudo isto? - Uma iniciação à Filosofia" - Thomas Nagel (Gradiva)
9 - "Sputnik, meu amor" - Haruki Murakami (Casa das letras)
10- "Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens" - J.J.Rousseau (Europa-América)

domingo, dezembro 07, 2008

Memória dos oitenta



The Sound - Sense Of Purpose. Uma boa memória dos anos oitenta.

sábado, dezembro 06, 2008

John Rawls

Para o comunismo ou o neo-liberalismo resultarem era necessário os homens serem justos e desprovidos de ganância, o que manifestamente não é verdade. Os senhores do mundo deveriam ler John Rawls.

"John Rawls - (1921-2002) Filósofo moral e político americano considerado o principal filósofo político do séc. XX. As ideias de Rawls inserem-se na tradição do contrato social de Locke, Rousseau e Kant. Rawls pensa que se as pessoas tiverem de escolher os princípios (ver princípio) de justiça sem saber como poderão ser por eles afectados, escolherão princípios justos. Imagina, assim, uma experiência mental em que todas as pessoas se encontram numa «posição original» sob um «véu de ignorância», isto é, em que desconhecem quais as suas aptidões, posição social, riqueza, religião e concepção de valor e de bem. Nesta situação, pensa Rawls, as pessoas chegarão por um contrato social hipotético àquilo a que chama justiça como equidade. Esta concepção de justiça é expressa por dois princípios, um que garante liberdades básicas iguais (ver liberdade) para todos – como as políticas, de expressão e reunião, de consciência e de pensamento, etc. –, e outro que estabelece que as desigualdades devem ser distribuídas de forma a beneficiarem todos e que devem decorrer de posições e funções a que todos tenham acesso. Este último princípio implica que a riqueza seja distribuída de modo a fazer com que os que estão em pior situação fiquem tão bem quanto possível. Uma sociedade justa será liberal (ver liberalismo), democrática (ver democracia) e um sistema de mercado no qual se procede à distribuição da riqueza e em que pessoas com capacidades e motivações iguais têm possibilidades iguais de sucesso, independentemente da classe social em que tenham nascido." (http://rolandoa.blogs.sapo.pt/43027.html)

sexta-feira, novembro 28, 2008

Cormac McCarthy



Fiquei a conhecer Cormac McCarhy atráves do filme dos irmãos Coeh "Este pais não é para velhos", de quem é autor do livro que lhe deu origem. Fiz umas pesquisas e cheguei até ao último livro "The Road". Sentado no sofá, li o livro muito rapidamente e sempre em estado de alerta constante. É uma viagem tenebrosa por aquela estrada, mas é uma viagem feita de um grande Amor que sobrevive apenas com o seu próprio fogo. Não é uma leitura fácil, é árido e por vezes brutalmente carnal, mostra a perversidade humana no seu estado mais animal, mas acaba com a esperança que guia o livro desde a primeira página. Nunca perdoaria o autor se o final não fosse como é, perfeito. O livro é muita coisa, mas acima de tudo é uma grande e belissíma metáfora à paternidade e aos dias que correm onde nada nos parece seguro e garantido. É a viagem do compromisso ao Amor, sem contrapartidas, que todos fazemos com os nossos pais que mais tarde vão ser os nossos filhos.

quinta-feira, novembro 06, 2008

Insultos com Classe

”I am enclosing two tickets to the first night of my new play; bring a friend…. if you have one.” - George Bernard Shaw to Winston Churchill
”Cannot possibly attend first night, will attend second… if there is one.” - Winston Churchill, in response.
”He has never been known to use a word that might send a reader to the dictionary.” - William Faulkner (about Ernest Hemingway).
”Poor Faulkner. Does he really think big emotions come from big words?” - Ernest Hemingway (about William Faulkner)
Mais insultos cheios de classe, aqui:

quarta-feira, novembro 05, 2008

YES WE CAN

Depois da noite passada o futuro da humanidade não me parece tão sombrio. Grande caminhada já fizemos juntos.

sexta-feira, outubro 24, 2008

No Shit!

O antigo presidente da Reserva Federal norte-americana Alan Greenspan reconheceu ontem, numa audição no Congresso, que falhou na regulação do sistema financeiro. "Cometi um erro ao confiar que o livre mercado pode regular-se a si próprio sem a supervisão da administração", afirmou o homem que esteve 18 anos ao comando da Fed. (in público.pt).
NO SHIT!!!

sexta-feira, outubro 03, 2008

The Byrds - Turn, Turn, Turn (1965)

Uma das melhores canções pop escritas até hoje. Há 43 anos esta música estava no nr. 1 do top Billboard. Muito bom!