Mais um parágrafo que precisa de uma segunda de mão.
"Primeiro foi o grito atordoado, depois um som ressoou nos meus ouvidos, tipo chapada em bochecha rosada. Espreitei pelas escadas, não vi nenhum sinal do exterminador. Mas estou a adiantar-me na história, está-se a tornar num hábito esta ânsia de tudo revelar. Tenho de serenar, não posso omitir nenhum dos factos importantes, dados reveladores, informações fulcrais. Volto então à porta do palácio onde o exterminador acaba de chegar. É um homem gordo com a barba por fazer uma camisa desabotoada pelo terceiro botão um cheiro agridoce de suor seco. Cumprimentamo-nos e logo começou a falar: “Isto é muito grande, vai precisar de cinco ou seis passagens.” Abro as portadas, deixo-o palrar. “Isto dos bichos tem que se lhe diga.” ”Eles sabem quem eu sou, já me conhecem”. Pousa no chão uma botija à qual prende duas mangueiras entrelaçadas. “Tenho de fazer a mistura, o segredo está na mistura, dez de água para uma dose de veneno.” Ele lá ficou a esguichar os cantos. Eu fui comprar o jornal e tomar café, não sem antes sentir umas picadas e comichões na zona da canela."
Sem comentários:
Enviar um comentário