segunda-feira, outubro 31, 2005

quarta-feira, outubro 26, 2005

Porquê reciclar se nos continuam a enganar?

A reciclagem é um dever do estado, certo? Errado. Vai ser entregue a um privado, algum amigo de um secretário de estado (se não o próprio secretário de estado). Os anúncios da reciclagem foram pagos pelo privado? Errado. Os anúncios da reciclagem foram pagos por todos nós.
Para quê reciclar, se algum tubarão vai ganhar 2.000 contos por mês e pagar aos seus empregados o ordenado mínimo? Para quê?
Ecologia social era bem mais essencial.

terça-feira, outubro 25, 2005

segunda-feira, outubro 24, 2005

Encruzilhada

A minha vida está numa autêntica encruzilhada. Muitas mudanças e decisões num curto espaço de tempo. O diabinho do meu ombro direito anda em acesa discussão com o anjinho do ombro esquerdo.

sábado, outubro 22, 2005

sexta-feira, outubro 21, 2005

Sem paciência

É verdade, e sem tempo...

terça-feira, outubro 18, 2005

segunda-feira, outubro 17, 2005

Mudar de vida

Mudei pela décima vez de vida mas agora cada mudança acarreta um cansaço cada vez maior.

sábado, outubro 15, 2005

Joana

Vi-a durante semanas a fio de olhar suplicante. Andava depressiva e sem humor arrastando os ossos pelas ruas da cidade. Até ao dia em que entrou no autocarro com um confortável casaco castanho que lhe assentava na perfeição. Imaginei-a trocando o antigo na casa de banho do shopping para não parecer mal sair da loja com ele vestido. Ficou de repente viva, um novo eu, olhar radiante e luminoso, era uma segunda pele que tinha agora vestida, uma nova identidade, uma camuflagem protegendo a alma, longe desses problemas mesquinhos.

sexta-feira, outubro 14, 2005

Harold Pinter

"Não consigo resumir nenhuma das minhas peças. Não consigo descrever nenhuma. O que sei é dizer: foi assim que se passou, foi isto o que disseram, isto o que fizeram."
Harold Pinter
É um dos meus dramaturgos contemporâneos predilectos juntamente com Beckett e Israel Horovitz, fiquei pois contente por lhe ser atribuído o Nobel da Literatura. Existe um livro da Relógio D'Água com peças traduzidas, editado em parceria (penso estar a dizer a verdade), com os Artistas Unidos, que encenaram grande parte das sua obras em Portugal, aliás, Jorge Silva Melo, director dos Artistas Unidos (diga-se em abono da verdade o grande divulgador do obra de Pinter neste jardim), comprou os direitos de todas as suas obras para Portugal. O livro tem sete peças escritas entre 1957-1964, que são: O Quarto; Feliz Aniversário; O Serviço; O Encarregado; A Colecção; O Amante; Regresso a Casa. Vale a pena ler, sinto no ar reposições, já que encenado só em Lisboa.

quarta-feira, outubro 12, 2005

Canções 3

Talvez doze, treze anos atrás, andava eu de guitarra às costas a tocar com um grupo de amigos onde nos deixassem; a nossa bateria era uma tarola e um prato de choques porque o baterista andava a comprar o material às prestações. Um desses locais peregrinos era a antiga sede da JCP na Avenida da Boavista. Bebiamos cerveja de graça e tocávamos umas versões (Echo And The Bunnymen, The Cure, Joy Division, Bauhaus, Jesus and the Mary Chain, Peter Murphy etc...), uma das quais era o Strange Kind Of Love do Peter Murphy. Foi uma das primeiras canções que toquei realmente bem. Já mais tarde, num bar de amigos, essa música era a primeira que me pediam para tocar quando o bar "fechava"; essa e o Ziggy Stardust, mas isso é outra história. Foi ao som desta música que conheci a minha namorada, mãe da minha filhota. Ainda mais tarde, vi o Peter Murphy no Coliseu do Porto a tocar essa canção com uma guitarra de doze cordas, então pensei, esta música é tanto dele como minha.


A Strange Kind Of Love

A strange kind of love
A strange kind of feeling
Swims through your eyes
And like the doors
To a wide vast dominion
They open to your prize

This is no terror ground
Or place for the rage
No broken hearts
White wash lies
Just a taste for the truth
Perfect taste choice and meaning
A look into your eyes

Blind to the gemstone alone
A smile from a frown circles round
Should he stay or should he go
Let him shout a rage so strong
A rage that knows no right or wrong
And take a little piece of you

There is no middle ground
Or that's how it seems
For us to walk or to take
Instead we tumble down
Either side left or right
To love or to hate

terça-feira, outubro 11, 2005

Leituras 7



O mais certo é eu já ter lido estes contos todos. Mas quando passei pelo alfarrabista e o vi na montra a olhar para mim pela lombada, como quem diz de esgueira, não resisti e além disso, o cheiro do papel velho entusiasma-me, para não dizer que me excita. Dois euros foi o preço.

domingo, outubro 09, 2005

Vindima (três jovens agricultores)


A apreensão no horizonte, seis da manhã em Portugal continental; no que me fui meter!


O meu irmão ainda com o ritmo da noitada; gosta de drum´n´bass e ainda não gosta de vinho.


O meu pai com um brilho nos olhos: "Talvez já dê uns duzentos litritos." Eu com um brilho nos olhos.


O número 10, o homem da terra. Em miúdo brincava as escondidinhas no meio das vides, não era como eu em telhados de fábricas.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Eu Sou Concerteza Mais Do Que Tu

Boa tarde Senhor Doutor, Boa dia Senhora Doutora, Boa noite Senhor Professor Doutor, Boa dia Senhora Juíza Embargadora, Boa tarde Senhor Doutor Não Sei De Quê, Bom dia Senhora Doutora Prefácio e Posfácio, Boa madrugada Senhor Arbitro, Boas Senhor Esmerado e Doutorado Presidente de Câmara, Boa noite Senhor Doutor Mestrado Construtor Civil, Boa dia Senhor Professor Doutor Porche Booster com vivenda com piscina, Boa noite Senhor Doutor Herdade no Alentejo.

Este país arrepia-me.

quinta-feira, outubro 06, 2005

33, diga lá outra vez!

É um facto consumado, tenho 33 anos desde as seis da tarde de hoje. Cheguei mais ou menos ao meio do percurso de alguém que não trata o corpo como devia. Olhando para trás em jeito de reflexão, tenho vontade de rir o que convenhamos não é de todo uma coisa negativa. Mas ando cada vez mais com a cabeça no passado. O que poderia ter acontecido se? E se? Será esta constante introspecção a badalada Mid-Life Crisis? A música dos Faith No More não me sai da cabeça. Olho para a minha menina e interrogo-me até quando vou vê-la crescer? Olho para os meus pais e apetece-me abraça-los com força, por coisas que nem consigo explicar. Olho para os meus amigos e ainda os vejo de calções de fato de banho até ao joelho e uma volta prateada no peito (na altura usava-se), para impressionar as miúdas na praia. Lembro-me de jogos de futebol, três contra três, com pedras a servir de balizas, mais importantes que finais europeias, queria jogá-los novamente. Os meus amigos, são quase todos os mesmos e como eu, têm brancas matreiras que povoam o cabelo. Recordo nestas alturas as pessoas que amei e que já não povoam o planeta terra. Depois olho novamente para a minha menina, afasto fantasmas e mostro o peito ao futuro.

quarta-feira, outubro 05, 2005

Cinemascópio - Ciclo: "Terra, Suor e Lágrimas"

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 7 OUTUBRO - 21H45

Auditório do Círculo Católico de Operários do Porto
Rua Duque de Loulé, 202
ENTRADA GRÁTIS


OS RESPIGADORES E A RESPIGADORA de Agnés Varda
(Les Glaneurs et la Glaneuse, França, 2000, 82min.)


"É um filme que nasce de uma espécie de movimento de improviso - foi assim, aliás, que quase sempre nasceu o "documentário" na obra de Agnès Varda. E como esse movimento é importante, o filme incorpora a sua assumpção: "Les Glaneurs" auto-explica-se, quanto à sua génese, quanto às suas intenções, quanto ao aproveitamento de pequenos acasos (pequenas "coisas inúteis", diria Varda) de onde alguma coisa pode nascer.
Se, tendo como motivo visual um célebre quadro de Millet, o filme é sobre os "respigadores" do final do século XX (e sobre o que é que se "respiga" no final do século XX), a glaneuse é a própria Agnès Varda, a recolher imagens, lugares, pessoas ideias, e a fazer desse trabalho de recolha a matéria essencial do seu filme. O que conta é a perscrutação do real, a confiança nas suas próprias capacidades de uma "auto revelação" mais ou menos poética – foi um pouco isto que Varda sempre fez no documentário, talvez por herança da sua formação enquanto fotógrafa, e "Les Glaneurs...", muito por se construir sobre resíduos e "sobras", até permite o reenvio para L'OPERA MOUFFE, uma das suas primeiras curtas-metragens, e um título emblemático na definição da sua relação com o real.
Mas se é um filme sobre os "outros", de acordo com a "escola da modéstia" que o documentário é para Varda (servindo para revelar "o melhor que há nas outras pessoas), também é um filme sobre a própria autora, incapaz de se excluir dele. Sem querer forçar o auto-retrato, "Les Glaneurs" integra, de forma por vezes plenamente lúdica, um esboço de reflexão sobre o "aqui e agora" de Varda.
Daí resulta uma tensão que fornece enorme energia ao filme: a cineasta exibe a sua velhice, filma as suas mãos que a avisam de que " cesta bendito la fina"; mas como, por enquanto, "li Fiat prender la reate", "Les Glaneurs" é uma pequena celebração da vida, da acção e da liberdade. Que poderia ter o seu símbolo naquela pequena câmara vídeo e no modo como Varda se diverte a aprender a trabalhar com ela."


Luis Miguel Oliveira, Público, 17.11.00


Iniciativa:

ASSOCIAÇÃO PINTAR o 7
CinemaCidadeCultura


PRÓXIMA SESSÃO: SEXTA-FEIRA, 14 DE OUTUBRO – 21H45
"RIFF-RAFF" de Ken Loach

terça-feira, outubro 04, 2005

União Zoófila (recebido por e-mail)

A União Zoófila está na eminência de FECHAR. A primeira medida é despedir a pessoa que cozinha para os animais diariamente, já no fim deste mês. Como sabem, é uma instituição que vive essencialmente da quotização dos sócios e até esses deixaram de pagar. Eles são 800 cães e não sei quantos gatos. Então aqui vai o meu apelo: Eles necessitam de comida para os animais, sobretudo de secos para os cães. Solicitaram que cada pessoa leve um saco, para poderem "manter o barco". Claro, que o dinheiro também ajuda, mas se quiserem, convertam-no em COMIDA! . Façam chegar este e-mail aos Directores de Redacção, ou a quem achem mais apropriado, para que todas as revistas e jornais FALEM DESTE ASSUNTO. Uma boa reportagem, em todos os meios, dava certamente mais impacto e ajudava a dar a conhecer as dificuldades da UNIÃO ZOÓFILA. Acredito que não estavam à espera deste "press release", mas façam circular este e-mail (não se ofereçem telemóveis nem viagens), pois estamos convencidos que vamos conseguir entre todos, contar SEMPRE com a UNIÃO ZOÓFILA para acolher os "nossos" bichinhos.

sábado, outubro 01, 2005

Eu Clandestino

Vivo no maior condomínio privado do mundo
Neste mar imenso de prosperidade e riqueza,
Mas não suporto o deformado rosto no espelho,
Que é o da minha própria avareza.

Nas fronteiras, antes aventura,
Nasce agora o arame farpado o betão,
Onde um cartaz pintado de fresco anuncia
Não há lugar para mais nenhum.

Não nasci clandestino
Porque quando a roleta girou,
Para este lado me lançou.

Do outro lado espreitam,
Olhos de esperança e fome,
Milhões de rostos sem nome.