SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 7 OUTUBRO - 21H45
Auditório do Círculo Católico de Operários do Porto
Auditório do Círculo Católico de Operários do Porto
Rua Duque de Loulé, 202
ENTRADA GRÁTIS
OS RESPIGADORES E A RESPIGADORA de Agnés Varda
(Les Glaneurs et la Glaneuse, França, 2000, 82min.)
"É um filme que nasce de uma espécie de movimento de improviso - foi assim, aliás, que quase sempre nasceu o "documentário" na obra de Agnès Varda. E como esse movimento é importante, o filme incorpora a sua assumpção: "Les Glaneurs" auto-explica-se, quanto à sua génese, quanto às suas intenções, quanto ao aproveitamento de pequenos acasos (pequenas "coisas inúteis", diria Varda) de onde alguma coisa pode nascer.
Se, tendo como motivo visual um célebre quadro de Millet, o filme é sobre os "respigadores" do final do século XX (e sobre o que é que se "respiga" no final do século XX), a glaneuse é a própria Agnès Varda, a recolher imagens, lugares, pessoas ideias, e a fazer desse trabalho de recolha a matéria essencial do seu filme. O que conta é a perscrutação do real, a confiança nas suas próprias capacidades de uma "auto revelação" mais ou menos poética – foi um pouco isto que Varda sempre fez no documentário, talvez por herança da sua formação enquanto fotógrafa, e "Les Glaneurs...", muito por se construir sobre resíduos e "sobras", até permite o reenvio para L'OPERA MOUFFE, uma das suas primeiras curtas-metragens, e um título emblemático na definição da sua relação com o real.
Mas se é um filme sobre os "outros", de acordo com a "escola da modéstia" que o documentário é para Varda (servindo para revelar "o melhor que há nas outras pessoas), também é um filme sobre a própria autora, incapaz de se excluir dele. Sem querer forçar o auto-retrato, "Les Glaneurs" integra, de forma por vezes plenamente lúdica, um esboço de reflexão sobre o "aqui e agora" de Varda.
Daí resulta uma tensão que fornece enorme energia ao filme: a cineasta exibe a sua velhice, filma as suas mãos que a avisam de que " cesta bendito la fina"; mas como, por enquanto, "li Fiat prender la reate", "Les Glaneurs" é uma pequena celebração da vida, da acção e da liberdade. Que poderia ter o seu símbolo naquela pequena câmara vídeo e no modo como Varda se diverte a aprender a trabalhar com ela."
Luis Miguel Oliveira, Público, 17.11.00
Iniciativa:
ASSOCIAÇÃO PINTAR o 7
CinemaCidadeCultura
PRÓXIMA SESSÃO: SEXTA-FEIRA, 14 DE OUTUBRO – 21H45
"RIFF-RAFF" de Ken Loach
OS RESPIGADORES E A RESPIGADORA de Agnés Varda
(Les Glaneurs et la Glaneuse, França, 2000, 82min.)
"É um filme que nasce de uma espécie de movimento de improviso - foi assim, aliás, que quase sempre nasceu o "documentário" na obra de Agnès Varda. E como esse movimento é importante, o filme incorpora a sua assumpção: "Les Glaneurs" auto-explica-se, quanto à sua génese, quanto às suas intenções, quanto ao aproveitamento de pequenos acasos (pequenas "coisas inúteis", diria Varda) de onde alguma coisa pode nascer.
Se, tendo como motivo visual um célebre quadro de Millet, o filme é sobre os "respigadores" do final do século XX (e sobre o que é que se "respiga" no final do século XX), a glaneuse é a própria Agnès Varda, a recolher imagens, lugares, pessoas ideias, e a fazer desse trabalho de recolha a matéria essencial do seu filme. O que conta é a perscrutação do real, a confiança nas suas próprias capacidades de uma "auto revelação" mais ou menos poética – foi um pouco isto que Varda sempre fez no documentário, talvez por herança da sua formação enquanto fotógrafa, e "Les Glaneurs...", muito por se construir sobre resíduos e "sobras", até permite o reenvio para L'OPERA MOUFFE, uma das suas primeiras curtas-metragens, e um título emblemático na definição da sua relação com o real.
Mas se é um filme sobre os "outros", de acordo com a "escola da modéstia" que o documentário é para Varda (servindo para revelar "o melhor que há nas outras pessoas), também é um filme sobre a própria autora, incapaz de se excluir dele. Sem querer forçar o auto-retrato, "Les Glaneurs" integra, de forma por vezes plenamente lúdica, um esboço de reflexão sobre o "aqui e agora" de Varda.
Daí resulta uma tensão que fornece enorme energia ao filme: a cineasta exibe a sua velhice, filma as suas mãos que a avisam de que " cesta bendito la fina"; mas como, por enquanto, "li Fiat prender la reate", "Les Glaneurs" é uma pequena celebração da vida, da acção e da liberdade. Que poderia ter o seu símbolo naquela pequena câmara vídeo e no modo como Varda se diverte a aprender a trabalhar com ela."
Luis Miguel Oliveira, Público, 17.11.00
Iniciativa:
ASSOCIAÇÃO PINTAR o 7
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PRÓXIMA SESSÃO: SEXTA-FEIRA, 14 DE OUTUBRO – 21H45
"RIFF-RAFF" de Ken Loach
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