terça-feira, outubro 10, 2006

Diário de viagens fictícias

Esta é uma cidade na foz de um rio escuro e esguio que abriu montanhas em dois à sua passagem, cravou braços nas margens e não parou senão perante o grande e interminável oceano que o acolhe com tumultuosas e indispostas ondas de espuma, apesar dos séculos, o rio será sempre um intruso. Mas se o rio se força no mar, não é menos verdade que a água salgada entra no caudal doce até quase trinta quilómetros no interior da terra quente. De uma colina alta junto à foz, observa-se a cidade a descer, trapalhona, até ao rio, ou melhor será dizer, a subir a partir do rio, porque são as margens, o ponto originário da evolução deste burgo, apesar de ao primeiro contacto visual, parecer que a cidade caíu do alto da montanha até ao rio, numa avalanche de telhas, cimento, janelas empedradas e animais aflitos.

3 comentários:

alice disse...

bom dia, nuno ;)

muito obrigada, sinceramente, é uma honra estar aqui linkada

gostei muito de te ter descoberto, há curvas muito bonitas de facto

um beijinho para ti

alice

mnemosyne disse...

Uma tela de palavras que nos transportam numa viagem de imagens que se amalgamam :)

Anónimo disse...

gosto de pontes, talvez porque também amo os abismos