Lendo o "Os livros da minha vida" de Henry Miller, encontrei da parte do escritor, uma grande e incondicional admiração por Blaise Cendrars de quem nunca tinha ouvido falar. Como sou um grande admirador da obra de Miller, fui à procura de Blaise Cendrars. Já sabia muito sobre este autor depois de ler as trinta páginas que Miller lhe dedica em "Os livros...", mas precisava de confirmar lendo a obra. Comprei "O Ouro", publicado pela Assírio & Alvim, com tradução de António Mega Ferreira, e que escreve assim no prefácio de quem também é autor: "O que fascinava Cendrars na história de Johann August Suter não era de ordem diferente daquilo que pode fascinar o mais comum dos mortais: como, por um golpe de vontade, se constrói uma fortuna; e como, por um golpe de azar, se perde a fortuna, por causa de uma fortuna ainda maior. Em meia dúzia de anos, Suter, o homem que atravessara a pé a fronteira entre a Suiça e a França, crivado de dívidas e fugido aos credores, cruzou o continente americano e ancorou na Califórnia, em vastos territórios inexpugnáveis, que, com sentido de organização e disciplina, começou a colonizar. Enriqueceu num instante, o tempo que leva Cendrars a escrever duas ou três páginas." Miller fala assim das personagens de Cendrars: "...é raro vermo-lo emitir julgamentos em relação aos outros. O que se nos depara é que, ao pôr a nu as fraquezas ou as faltas das suas personagens, ele está a revelar, ou a esforçar-se por revelar, a sua natureza heróica essencial. Todas as diferentes figuras - humanas, todas elas demasiadamente humanas - que povoam os seus livros são glorificadas no seu ser básico, intrínseco." Espero ter-vos aberto a curiosidade, eu por mim li o "O Ouro" numa noite de insónias, ontem, como era costume acontecer a Cendrars.
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