quinta-feira, abril 24, 2008

Enrique Vila-Matas (segunda parte)

(87) Fui ver a mesa redonda onde Vila-Matas na segunda-feira passada falou e sim, é verdade que fiquei na fila à espera que me autografasse um livro "O mal de Montano". Também é verdade que fiquei um pouco desiludido com a mesa redonda, pouco se falou e Enrique Vila-Matas estava com um ar abatido, pareceu-me muito cansado e talvez por isso pouco expansivo. Não fui à mesa redonda no intuito de conseguir um autógrafo, para dizer a verdade é o primeiro autógrafo que tenho num livro, isso também é normal porque a grande parte dos escritores que gosto estão mortos ou inacessíveis (esta é a excepcção à regra). Em casa tinha idealizado duas perguntas que gostava de ter feito a Enrique Vila-Matas se a mesa se prolongasse e aquece-se o suficiente, a primeira era qual o escritor que conscientemente mais o influenciou e a segunda era, quem é Paula de Parma? A mulher misteriosa, pelo menos até segunda-feira, a quem sempre dedica os livros. Quando chegou a altura de fazer as perguntas eu vacilei perante um auditório repleto de enormidades literárias e calei. Senti que tinha uma nova oportunidade de pelo menos esclarecer a segunda pergunta quando se formou uma pequena fila para autógrafos; não hesitei. Assim fiz a pergunta a Vila-Matas e ele fez-me três. Cómo te llamas? Nuno? Nuno? Descobri assim quem era Paula de Parma e, segundo o próprio me disse, não estava a inventar, isto porque à única pergunta que lhe foi feita durante a mesa, Vila-Matas respondeu dizendo que nem todas as citações que punha nos seus livros, eram totalmente das pessoas que as escreviam, muitas eram alteradas por ele de maneira a fazerem sentido no seu texto. Esta fórmula que usava tinha-lhe dado alguns problemas mas também divertimentos ao longo do tempo. O que eu nunca imaginei, era que Enrique Vila-Matas ia descobrir o meu blog e fazer um comentário. Um pequeno e generoso comentário. Se eu a partir de hoje padecer com o complexo Não, ou mesmo me transformar num móvel, ou até na Companhia de Bartleby de Melville, Vila-Matas é o culpado, um bom culpado.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ola boa tarde.Faço parte da produtora jumpcut que está a produzir a peça "sentido portátil"a partir do texto "história abreviada de literatura portátil"de Enrique vila-Matas.Reparámos no seu interesse pelo autor Enrique Vila-Matas e gostávamos muito de o convidar para assistir a uma conferência dada pelo próprio no dia 21 no CCb em Lisboa.Talvez assim lhe possa colocar as questões que gostaria.Não sei se me pode enviar o seu e-mail para lhe enviar o convite e o press releasE,para martabarahoabreu@hotmail.com