sábado, fevereiro 14, 2009

Hannah Arendt


Uma pérola da literatura que se tinha escondido da minha curiosidade até ao dia de hoje. “Homens em tempos sombrios”, de Hannah Arendt, é uma viagem de pontes entre homens de génio, revolucionários, apátridas, poetas e filósofos encravados no seu tempo, no seu triste tempo. Mas na busca de Arendt só a humanidade parece interessar, apenas o desocultar da humanidade, escondida do espaço público, pelas obras maiores de cada dos seus homens. A escrita de Arendt nem sempre é simples e facilmente descortinada, mas quando o texto se liberta de análises filosoficas duras, chega a comover, e ao longo do livro, Arendt aponta direcções e desembaralha incorrecções no novelo da vida de homens como Lessing, Walter Benjamin, Bertold Brecht ou Hermann Broch, que “foi poeta à sua própria revelia” e mulheres como Rosa Luxemburgo, a revolucionária polaca, ou Karen Blixen e a sua Xerazade interior, Arendt encontra peculiaridades escondidas, traços que escaparam aos biógrafos, pequenas minúcias que espantam pela análise certeira e perspicaz. “Homens…” está ao nível da melhor literatura que conheço, ao jeito de Borges que estranhamente, ou talvez não, me veio à memória mal entrei nas primeiras linhas deste… romance? “Homens...” é uma concha recheada de belíssimas pérolas sobre a realidade que escapa aos sentidos.

“Homens em tempos sombrios” – Hannah Arendt
Colecção Antropos – Relógio D’Água

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