O problema dos antigos combatentes é antigo e comum a quase todas as nações. Ouvi uma reportagem na T.S.F sobre como eram ignorados os ex-combatentes portugueses quando regressaram ao país depois de lutarem no ultramar, a história é antiga e todos a conhecemos, mas hoje fez-me pensar em todos os soldados que combatem fora do seu país. A ideia de lutar pelo país fora do próprio país, por muito que a tente assimilar, não deixa de soar de maneira estranha, assim, pode-se lutar por interesses do país, mas pelo país em si como nação independente não, isso não é possível a milhares de quilómetros de casa. Depois o facto de um país em guerra, fora das suas fronteiras, ser sempre um país dividido, uma parte da população apoia a guerra, outra repudia-a, e quando a guerra é longa e dolorosa, como foi o caso português, a segunda parte da população acaba por impor a sua moral sobre os que apoiam a guerra, e foi nessa conjuntura adversa à guerra que os soldados portugueses regressaram a casa. No caso de Portugal a situação ainda contém em si a efervescência da revolução, onde não apenas a moral anti-guerra se tinha sobreposto à colonizadora, mas toda a situação política a dar uma volta de 180 graus. Foi neste contexto que os combatentes e as famílias portuguesas das ex-colónias regressaram à pátria; o final não podia ser feliz. Suponhamos agora que os soldados vão em ajuda de um terceiro país como no caso americano na primeira e segunda guerra mundial, nessa perspectiva e quando a situação é moralmente justificada, esses soldados são bem recebidos tanto nos países para onde vão, como ao regressarem ao país de origem; não foi o caso português, nem o dos Estados Unidos no Vietname, nem no caso actual do Iraque onde as mentiras espalhadas aos quatro ventos se sobrepuseram ao acto da libertação. Já no caso do Kuwait e Afeganistão, a situação para os soldados regressados parece pacífica e aceite com tranquilidade pela maior parte, devido à acção de libertação de um povo em vias de ser oprimido no primeiro caso, e a segurança do país de onde os soldados provêm estar ameaçada, assim parece, no segundo caso. Não me quero debruçar sobre os aspectos políticos do conflito e sobre a sua legitimidade legal, mas sim sobre o regresso a casa dos soldados que entram nestes diversos conflitos. Com a mudança de governo nos Estados Unidos, os soldados que agora lutam no Iraque, não podem esperar grandes festejos no seu regresso a não ser que isso signifique o fim da guerra, já que o rumo político foi alterado e dá a entender por meio de sinais mais ou menos evidentes a ilegitimidade da guerra. Mas esses ecos, de uma maneira ou de outra, só vão ser sentidos daqui a algum tempo.
1 comentário:
Nuno, gostei muito do conteúdo do seu blog e pretendo voltar com calma para ler as postagens.
Obrigado pelo link já devidamente retribuído. Abraços do Rio de Janeiro, Brasil.
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